martes, 30 de abril de 2019

DÍA (semana) DO LIBRO. ILUSTRES VISITAS!! (II)

Por primeira vez (e non vai ser a última...) achégase ao noso cole


SUSANA SÁNCHEZ ARÍNS.

Dende o Foxo ata a Arousa!

Susana, estradense coma nós, coñeceu o mar moi de preto. Dende que chegou á Arousa involucrouse moito na vida cotiá da Illa, da Ría..., porque ela non sabe facelo doutro xeito.

A pesares dos seus medos, o mar foi quen de engaiolala e viveuno de pleno. Navegar convirteuse axiña nunha tarefa cotiá. E a súa escrita acompañouna nesa singladura. O seu libro "A noiva e o navío" foi a razón pola que quixemos contar con ela no mes de Abril. Susana pensou que se trataba dunha obra pouco axeitada para a rapazada que a ía escoitar. A modo de broma, suxerímoslle que senón valían eses poemas, que nos fixera un para nós.

E non nos fixo caso!! Non escribeu un poema para nós!!



Agasallounos cun LIBRO MANUSCRITO onde había DEZ poemas, algún adaptado da súa obra anterior, pero a meirande parte deles pensados, sentidos e escritos pensando nas nenas e nos nenos do cole de Figueiroa.

E por se fora pouco, agardou a estar con estas mozas e mozos para crear colectivamente un poema, "as crebas", no que participou quen quixo e que quedou tamén nas preciosas páxinas azuis do libro "Amaromar" de Susana Aríns.




E así o fixo constan na súa adicatoria:



Con Susana estiveron as nenas, nenos e mestras de 3º, 4º, 5º e 6º de primaria.


O NOSO LIBRO "AMAROMAR" DE SUSANA ARÍNS







Estes son os nosos poemas:









varanda



andar o dia todo

a fazer “o pino”

o sangue na cabeça

a força pousada nas mãos

as areias a cravar-se nos dedos

andar o dia todo

a fazer “o pino”

a olhada direta às botas

aos ténis aos sapatos

e reparar na cor das meias

e nesse sinal na pele do nocelho

no balouçar dos teus pés

quando te pões nerviosa

porque ando o día todo

a fazer “o pino”



isso é navegar

ver-lhe o revés à terra.





bruídos

o bruar da buguina na fábrica
os brutamontes nas motos de àgua
os bracejos a berrar polas amigas
branca brais braulio brenda
o bramido das hélices dos motores
o brus que esfrega a coberta
brindos e bromas entre a brétema
cabriolas das crianças na praia
bravo bravo bravo bravo
como brincam entre a bruma
as brigas de toalha a toalha
a bronca bule sai da areia
abriga-te!
br br br br br br br br br br br br br
breve é a brisa que nos leva
longe
muito longe
do barulho
a perfeiçoar
andamos nós
a técnica da lentitude
a arte        de escuitar o silêncio







medo
medo a cair a afogar
medo á nevoa que oculta o sol
                                   e o caminho
medo ao urco ao kraken
                  aos monstros enormes
                  ás barrigas das baleias
medo á solheira ao calor
                  a morrer de sede sem àgua
                                   sem alento
medo ao vento súbito
                  que arrebola as velas
medo ao relampo ao longe
                  ás nuvens negras que trazem tronada
medo á escuridade da àgua
                  aos seus segredos
medo a esvarar a trilhar os dedos
                  em tanto cabo
medo a que nom queiras
    navegar comigo





o mistério

olha lá!
que é aquilo?
que floreia na mar?
um com?
um lixo chegando da praia?
um mergulhador à procura de navalhas?
repara!
agora sai!
e será um monstro
dos que falam os contos?
ssssst!
nom o espantes!
eis o vem!
e na borda da dorna
assoma o  focinho
como un cadelo contento
o arroaz
podes acarinhá-lo, nom trava!





as crebas

no bordo da praia
o mar que enche e devala
entregou-me
um cabo esfianhado
que quiçás foi escota.
um dardo verde
uma concha com un burato
outra con cinco
uma cana de pescar
uma gradisela morada e viva
um anzol
uma pedra com um cristal pegado
uma buguina que cheirava a prea
uma concha de xíbia
uma pedra com forma de coraçom
uma pá e um cubo
dez euros
a quilha duma tábua de surf
um triciclo oxidado
um caranguejo vivo
outro atrapado nas rochas
uma concha como uma lámpada
uma concha
com uma concha dentro
com uma concha dentro
e dentro
e dentro
e dentro
uma águamorta
dez euros, outra vez
e sem frasco nem mensagem
  a tua voz desarborada

                        poema colectivo







Moitísimas, moitísimas grazas, Susana!!

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